O consumo de etanol hidratado deverá ter uma redução na demanda após disparada no ano passado. A expectativa é de uma queda de 1,8% no consumo de etanol hidratado, para 21,2 bilhões de litros, com uma menor competitividade frente à gasolina C, que conta atualmente com uma mistura de etanol anidro de 27%. Enquanto isso, a gasolina C no Brasil deverá se recuperar em 2025, com alta de 3,4% na comparação com 2024, para 45,7 bilhões de litros.
De acordo com a StoneX, em relatório, a perda de competitividade do etanol frente à gasolina é o “fator chave para a retração. As vendas do etanol hidratado pelas distribuidoras tiveram um salto de 33,4% em 2024 ante 2023.
O preço médio do etanol nas usinas do estado de São Paulo, principal produtor e consumidor no país, aumentaram mais de 30% para R$ 2,85 por litro, em termos nominais, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP.
A demanda de combustíveis do ciclo Otto (etanol e gasolina) deverá ter crescimento de aproximadamente 2% em 2025 ante o ano passado, para 60,6 bilhões de litros, afirmou a StoneX citando a força no consumo das regiões Norte e Nordeste, com crescimento superior ao Centro-Sul. “Esse movimento reflete as perspectivas de crescimento do e da melhora de indicadores de consumo interno, os quais devem elevar o fluxo de veículos leves pelo país”, disse a StoneX.
Apesar do aumento esperado para 2025, a consultoria afirmou que o consumo de gasolina ainda será inferior ao recorde de 2023. Segundo a StoneX, uma alteração tributária, com a chamada monofasia no etanol a partir de abril de 2025, implicando em redução de R$ 0,05 por litro no imposto do etanol hidratado, pode tornar o combustível mais competitivo com a gasolina, “mas o impacto será limitado”.
Atualmente, há bifasia nas vendas do etanol, em que, no hidratado, o produtor paga R$ 0,13/L (PIS/Confins) na operação, e o distribuidor paga R$ 0,11/L na venda para os postos – com um agregado de R$ 0,24/L de impostos federais, segundo relatório da StoneX.
Na nova regra, será cobrado um único imposto, ao produtor, de R$ 0,19/L, diminuindo assim R$ 0,05/L na tributação total. Para o anidro, o imposto (R$ 0,13/L) já era cobrado apenas ao produtor, pois a venda pelo distribuidor incorporava o imposto já na gasolina comum. “Na nova regra, esse tributo será similar ao hidratado, de R$0,19/L, aumentando, portanto”, disse a StoneX.
A consultoria destacou que, pelo lado tributário, “2025 pode ser um ano bastante movimentado para o setor etanoleiro”. Em fevereiro, já houve o incremento de R$ 0,10/L no ICMS da gasolina, positivo para a venda das usinas (que, na entressafra de cana e com menor volume de oferta, aumentam seus preços de venda).
“Além do contexto tributário, há a possibilidade de aprovação do aumento da mistura do anidro na gasolina para 30%. No geral, há fatores suficientes para indicar um ano bastante altista para o etanol hidratado, sendo este o fundamento central que trará um menor consumo pela população”, completou.
De acordo com as projeções de preço da StoneX, a média anual do hidratado (base São Paulo) nas usinas, desconsiderando os impostos, deve subir 15% em 2025 no comparativo com 2024.