"Não adianta ter variedades com alto potencial produtivo, sem um manejo correspondente. O padrão das variedades desde o inicio do programa mudou muito, mas a adubação continua sendo praticamente a mesma. E o pior, as pesquisas existentes foram desenvolvidas para outros tipos de ambientes de produção. O Paraná precisa rediscutir a adubação do canavial e desenvolver um projeto específico para o Estado". A afirmação é do engenheiro agrônomo e professor doutor da UFPR, Heroldo Weber. O agrônomo ressalta que faltam pesquisas sobre adubação específica para a cana-de-açúcar nas condições do Paraná. As recomendações feitas no Estado usam as tabelas elaboradas para a realidade do estado de São Paulo e feitas há muitos anos. "Hoje se trabalha com materiais completamente diferentes, mais produtivos e exigentes em adubação. E temos condições de solo e clima que precisam ser considerados, especialmente nas regiões de arenito, onde os níveis de matéria orgânica são muito baixos e as plantas dependem da adubação feita". Mostrando que uma boa adubação faz toda diferença, Weber montou alguns trabalhos na Estação Experimental de Paranavaí. Fez o plantio de uma parcela sem adubação e outras com volumes diferentes de adubo, inclusive o que normalmente é feito no Estado, cerca de 80 kg por hectare de nitrogênio e 130 kg de potássio. "Os melhores resultados foram obtidos com 120 kg de nitrogênio e 120 kg de potássio por hectare", afirma. A cana também teve excelentes resultados com adubações feitas com gesso, cálcio, magnésio e enxofre (os solos do Paraná são pobres neste nutriente), especialmente o arenito. Weber fez calagem no plantio e na terceira soca usou 500 kg de calcário e 250 kg de gesso por hectare como adubo, na linha de cana. "O custo de implantação da lavoura é alto e normalmente a usina só passa a ter retorno a partir do terceiro ou quarto corte. Esta adubação permite que a cana soca dê um salto em produtividade e tenha mais três cortes no mínimo", diz, ressaltando que bem nutrida, a cana tem longevidade. Caso contrário, tem que renovar a cada três ou quatro anos. "São experimentos que mostram que muita coisa tem que mudar, mas é preciso que sejam feitas mais pesquisa para validar", complementa. *Texto publicado na edição nº 250 do jornal, referente ao mês de maio. |
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Fonte: Jornal Paraná |